1 de nov. de 2010

DESLOCADA

Não pertenço ao local que estou no momento exato em que escrevo isso. Por conseqüência, não me dou o direito de pertencer a nenhum lugar por onde passo e a ninguém que conheço. Sou bicho livre de mim mesma, sou livre em ser presa pelo amor, amor este que não tenho.

Também não tenho profissão, sou o que eu escolho ser num espaço de tempo, num local pré-determinado. Sou presa em meus passos porque os passos foram criados para limitar o ser humano ao destino.
Sou indefinível porque definir é limitar o pensamento e a alma. A definição de hoje é o cabresto de amanhã.
Visto todos os dias os meus medos e as minhas coragens. Visto a alma com desejos e iras, cubro de amor e raiva. Insuflo de sentimentos e ironias.
A combinação perfeita do que não sou, céu e inferno no mesmo andar. Passos exagerados de euforia e disposição, disposição, disposição, disposição!
Jamais me ocorreu que talvez eu seja o que canso de tentar não ser.
Jamais é por demais intenso, me ocorreu apenas agora.

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